terça-feira, 1 de novembro de 2011

UM CORAÇÃO GRATO A DEUS


“As primícias dos frutos da tua terra trarás à Casa do Senhor, teu Deus...”  Êxodo 23.19

Este texto nos convida a trazer as primícias da colheita para Deus. Trata-se de oferecer antecipadamente , expressando nossa confiança e dedicação. Esta oferta revela uma gratidão não circunstancial, mas existencial, movida por reconhecimento, não por medo e barganha. Ela é fruto da consciência de quem Ele é e de quem somos. Em primeiro lugar4, porque Deus é bom e “a sua misericórdia dura para sempre” (Salmo 106.1).
Esta premissa nos parece óbvia e natural, mas Deus poderia ser um tirano, sádico, cruel, que tivesse  prazer em nos enganar, como faziam algumas divindades da Antiguidade. Ele poderia nos controlar através do medo, mas deseja nos cativar e estabelecer  conosco uma relação filial. Apesar disso, nossa maior tentação é duvidar de sua bondade. Foi essa dúvida insuflada pela serpente, que provocou a Queda. Em seu livro A BATALHA DA CRUZ, Rubem Amorese comenta: “A estratégia de Satanás [...] consiste em produzir , por meio do sofrimento, um coração ingrato; portanto, ressentido, rancoroso, amargurado, revoltado e rebelde”.
Achamos que, por nos amar, Deus deve nos livrar do sofrimento. Assim, quando o mal nos aflige, sentimo-nos como que abandonados por Deus. Até Jesus questionou o Pai na cruz, mas morreu reafirmando sua comunhão com ele.
Sim, Deus é fiel. Seu amor é generoso e incondicional. Não depende de reciprocidade. Não é manipulador, com a maioria de nossos relacionamentos. Não é uma incógnita. Pelo contrário: revela-se, em vez de se esconder e nos deixar tateando no escuro. Também não é um deus ausente, mas um Deus que intervém, muitas vezes através de nós, dando-nos o privilégio de ser emissários, portavozes e expressão de seu amor. Tampouco é um deus distante ou autoritário, mas um Deus que nos ouve e interage conosco.
Portanto, nossa gratidão é fruto do olhar amoroso e perdoador de Deus, que nos liberta da culpa, rebeldia...
Todavia, temos observado em nossa religiosidade que é mais fácil  ser grato pelos benefícios materiais. Mas, mesmo assim, às vezes demoramos em sê-lo, pois, só damos valor à saúde quando ficamos doentes. Só valorizamos as pessoas quando deixam saudades. Só valorizamos a igreja quando mudamos para longe ou diante de outras impossibilidades. Dessa forma, se somos ingratos em relação às bênçãos materiais, quanto mais com as bênçãos que dependem de discernimento. Pois, a gratidão nos renova, nos ajuda a enxergar além do sofrimento, além do mal (2 Coríntios 4. 15-18), nos permite dar graças pelas provações (Tiago 1.2); não pelo sofrimento em si (que não é  da vontade diretiva de Deus), mas pela capacidade divina de reverter o mal em bem.
Deus nos alerta que, no mundo teremos tribulações. Ele não nos livra sempre das dificuldades, mas muda nosso olhar sobre elas. Está junto para nos capacitar a lidar com o sofrimento, de forma que este  não seja inútil. Ele nos ajuda a passar da revolta para a superação. Gratidão é uma graça que nos capacita a discernir  quem é Deus e quem somos para viver e partir de nossa verdadeira identidade de filhos amados pelo Pai, salvos  pelo Filho e capacitados pelo Espírito Santo.
Rev. Carlos Roberto

 

 


Pense bem...

 

“Deus nos alerta que, no mundo teremos tribulações. Ele não nos livra sempre das dificuldades, mas muda nosso olhar sobre elas.”

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